As cores do Arco-Íris

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O motorista saiu do carro. Tudo isto era uma situação nova para Marisa. O motorista anda às voltas, com as mãos na cabeça enfeitada por um elegante chapéu de cor índigo. Um monte de pessoas a olhar... E uma mão amiga a ajudá-la a levantar... Desviou o olhar da mão para a cara da pessoa e não podia estar mais assombrada...
- Marcell?
- Oi, tudo bem? Esta foi por pouco, hã? Consegues levantar-te?
- Se me conseguisse levantar, há muito que não estaria aqui.
- Ai, tá bem. Deixa que te pego ao colo.
- N.. Não, não é preciso. - mas Marcell pegou-a e depois pousou-a rapidamente no chão. - O que aconteceu?
- Eu vi de longe, mas escapaste por pouco. O condutor andava a alta velocidade mas quando viu que aquilo era uma passadeira e viu que estava lá alguém sentado, sem se conseguir mover, ele conseguiu desviar o carro, que foi bater contra o poste e está desfeito.
- E tudo por minha culpa.. Coitado do homem, ele...
- Ele podia ter-te morto, e estás com pena dele? Por amor de Deus, isso foi um castigo. Tenho a certeza que antes fazia-o muitas vezes, agora vai pensar duas vezes antes de ultrapassar o limite de velocidade.
- Hum, tá.
- Temos de contar à Sephora.
- NÃO! Nem penses! Ela não pode ficar a saber de nada!
- O que é que eu não posso saber?
- Hum.. Hum.. - Marisa corou. Porque é que ela tinha de aparecer ali, naquele momento? Marcell pareceu pensar o mesmo, mas depois recompôs-se e disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça.
- É que eu e a Mary somos namorados.
- O QUÊ? E NÃO DIZIAM NADA?
- O QUÊ?? - Marisa olhou para ele, escandalizada, até que se conseguiu dar conta o que Marcell estava a fazer. - Quer dizer, somos, mas nao pensei que lhe fosses contar, Marcell! Realmente!
- Ela não é tua amiga? Tem de saber sobre nós, para além de que é minha irmã e eu não posso mentir-lhe. - Marcell passou o braço pela cintura de Marisa.
- Nós estamos chateadas. E isso parece-me que está para durar. - disse Marisa e, dando-lhe a mão, acrescentou. - Não sei até quando.. Vamos embora?
- Não! - disse Marcell. - Vocês são amigas há muito tempo, não é por esta zanga que vão deixar de ser.
Dito isto, levou-as à força até casa e deixou-as a falar a sós no quarto. A princípio, nenhuma delas falou...Sephora quebrou o silêncio.
- Com que então, tu e o meu irmão, hã?
- Sim, e o que tens a ver com isso? Mete-te nos teus assuntos.
- Mary.. eu adoro-te.
- Se fosse assim não duvidavas de mim.
- Desculpa.
- Achas que um simples desculpa vai apagar aquilo que sinto? Eu sempre confiei em ti, no teu lugar eu nunca te teria feito nada semelhante, nunca teria acreditado nisso e confiaria sempre em ti!
- É mais fácil dizer do que fazer.
- Não, não é... Eu sei do que falo, nunca menti a uma amiga e não era desta que o iria fazer. Portanto, se te tinha dito que não, era porque não era eu. - "menos aquela mentirinha, mas isso foi invenção do Marcell", pensou.
- Vá lá, Marisa, desculpa.
O quarto estava em silêncio, como se Marisa não a estivesse a ouvir.
- Eu fui uma estúpida, mas estava tão mal, com todos a gozarem...
- E por isso eu fui a pessoa em quem tu descarregaste? Sentiste-te melhor, puxando-me os cabelos e fazendo-me correr atrás de ti? Sentiste-te?
- Não, é claro que não. Se queres que te diga, senti-me ainda mais miserável. Eu tenho estado a passar por imensas coisas nestas últimas semanas, compreende isso, por favor. Eu adoro-te, Mary, e nunca desconfiaria de ti em situações normais. Mas tudo me passa ao lado, já nem sei em quem hei-de acreditar.
- E o que se passou desta vez?
Sephora contou-lhe, sem poupar os pormenores.
- Bem, quero conhecer essa Tânia, um dia. Vê se ma apresentas!
- Então.. Isso quer dizer que me perdoas?
- Hã... - Marisa gaguejou, apanhada em falta. Mas já não valia a pena esconder. - Claro que sim, tonta. Morria de saudades tuas.
Dito isto, abraçaram-se.