Bem, depois de pensar, decidi uma "2ª oportunidade"...
Última parte do 5º cap
“Eu
não devia ter-lhe dito aquilo. Estou a quebrar as regras!” -
pensou Ethan, irritado e arrependido com o que fizera. Por outro
lado, achava-se confuso - “Quem é ela?! Porquê esta
energia toda? Porque acho que ela é como eu se se comporta
como uma humana? Será que...estou a enloquecer?”.
Um
grunhido rompeu o ar. “Ele continua aqui. Mas como é
possível? Passaram duas horas e o idiota continua aqui.” -
desesperado por arranjar uma forma de sair daquela situação,
não teve outra hipótese a não ser procurar um
esconderijo onde se pudesse esconder antes que fosse atacado.
Encontrou
uma rocha, paralela ao precipício, perfeita para esconder
alguém sentado. Parecia um lugar perfeito para pensar.
Precisava de pensar num plano genial.
“Pelos
meus cálculos, um Mizupood
é demasiado burro para encontrar-me aqui. Mesmo assim tenho de
arranjar forma de dar cabo dele antes que ele dê cabo de mim.
Decerto que ele está à procura de mais energia, mesmo
depois daquela que já sugou da Karen. De tal maneira que quase
matou-a... Agora aquele Ken foi longe demais” - pensou, enquanto
suspirava, aborrecido. Nunca na vida passara por uma situação
tão arriscada quanto aquela. Garantir a sua própria
vida e a de uma humana. Isto é, se ela mesma o fosse.
Enormes
tentáculos semelhantes a ramos esvoaçavam por aqui e
por ali, parecendo estar à procura de “alimento”. Juntando
com a enorme cabeça do monstro, era difícil de dizer se
se assemelhava a um polvo ou a uma alforreca. Mas se fosse um dos
dois, teria de ser um dos grandes.
O
monstro avançou em direcção ao esconderijo onde,
supostamente, Karen estaria escondida. - “Foi o que pensei. O
cabeça-de-gelatina sentiu a energia dela e está à
sua procura. Mas acho que não se vai ver safo desta. Nem ele
nem o seu dono.”
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- Pensando bem, esta é
uma daquelas situações em que uma mala de mulher dava
um jeitão, porque, sempre lá no fundo, há uma
daquelas minúsculas lanternas que dão só uma
luzinha, mas é muito melhor que andar às cegas e aos
apalpões. E a culpa é minha e daquela e daquele
palerma. Porque se eu fosse inteligente o suficiente, nunca teria
saltado e nunca me teria metido num problema tão grave quanto
este. Ai, se aquele idiota foi-se embora sem mim...faço papa
de aveia com o cérebro dele. Ou então, faço
hambúrguer com ele. Olha, depois resolve-se! - resmungava
Karen, enquanto andava por um caminho incerto. Tinha-se finalmente
decidido entre ficar a apanhar moscas no esconderijo, largada à
sua sorte, ou entre tentar arranjar explicações sobre o
que lhe estava a acontecer. Naturalmente, a segunda hipótese
era a que parecia-lhe mais credível. “O que ele disse não
é lá muito fiável. Apagar-me a memória...Tss,
isso é impossível. A não ser que ele venha do
circo. É provável.”
Parou
nesse momento. Doía-lhe as pernas e a cabeça, e tinha
sede. Muita sede.
Tinha pena de que toda a água à sua volta fosse
salgada. Também tinha pena de não puder voltar atrás
no tempo. - “Decerto que os meus pais estão super
preocupados. Mas o que me passou pela cabeça para seguí-lo?
Devia ter voltado logo para casa. Porque sou tão estúpida?!”
- a sua expressão mudou rapidamente de preocupação
para tristeza e, pela segunda vez naquele dia, teve vontade de
chorar. Mas chorar por não ter uma vida normal. Chorar por
desperdiçar oportunidades. Mas principalmente, chorar por a
tratarem como se não fosse perceber o que estava a acontecer.
As lágrimas já lhe
vinham aos olhos. Karen não gostava de chorar, quer seja em
público ou sozinha, mas a sua vida só lhe dava razão
para tal. Agora só queria ir para casa, deitar-se na sua cama
e chorar tudo o que tinha para chorar. Será que não
haveria algo pior para acontecer na sua vida?
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“Porque
fui confiar numa miúda como aquela? Mas é claro que ela
tinha de vir atrás de mim! Fogo, mais um problema para
atazanar-me as ideias esta noite! Para onde foi toda a confiança
deste mundo? Para o meu, se calhar!” - Ethan pensou furiosamente,
enquanto deu um forte murro contra a rocha onde se escondera. Mas
rapidamente se arrependera. - AIAIAIAI, as coisas desnecessárias
que faço em alturas incorrectas! - exclamou, enquanto tentava
acalmar a mão vermelha que ardia, mas felizmente não
sangrava – Pronto acalma-te, vamos arranjar um plano. Agarro a
rapariga, levo-a lá para cima, apago a sua memória, e
ela vai feliz e contente para a sua casinha, enquanto eu vou para a
minha! E esqueço de uma vez que este dia existiu! Que raio de
plano fui arranjar! Mesmo perfeito para pessoas como eu! -
lentamente, foi-se levantando e, ganhando coragem, passou à
frente do monstro, que nessa altura parecia estar entretido a atirar
areia a si próprio.
Certificando-se que este não
viria atrás de si, avançou até à jovem
rapariga. Esta pareceu não dar pela sua presença.
Parecia estar olhar fixamente para um canto remoto no céu, mas
não havia Lua, apenas pequenos pontos luminosos dispersos, mas
em pouca quantidade.
Deitou-lhe a mão ferida
sobre o seu ombro. Karen sobressaltou-se, virando a sua cabeça
para Ethan.
- Hã, estás...a
chorar? - surpreendeu-se Ethan, pois Karen estava com os olhos
inchadíssimos e as lágimas gordas corriam pela sua
face.
- Não! - Karen tentou
limpar a cara com as costas da sua mão.
- Porque não ficaste na
gruta?
- Quem és tu para
dares-me ordens?!
- Ouve lá, eu apenas
estou a tentar proteger-te!
- Proteger-me do quê?!
Ethan abriu a boca para
responder, mas da sua boca não saiu resposta.
- Vês? Apanhei-te! A única
coisa que pretendes agora é fazer-me passar por burra! Como
toda a gente!
- Karen, ouve...é
possível que não entendas o que te vou dizer mas...eu
não posso contar nada!
- Porquê?
- Tenho as minhas razões...
- Ouve lá, qual é
o tipo de pessoa que te iria entender?
- Hum...se calhar...o
meu...tipo?
- Percebo...és um bocado
convencido...
- Não, sou realista!
- Acho que usas mais ficção
do que realidade – Karen passou ao lado de Ethan, deslocando-se até
uma rocha com o topo plano, onde se sentou comódamente –
Sabes o que me interessa agora? Que tu tenhas uma ideia inteligente,
como sairmos daqui. Porque a única coisa que quero é
voltar para casa. Porque eu tenho dois pais que devem estar
preocupados comigo e a esta altura já devem ter chamado a
polícia. A não ser que a única razão por
te teres atirado daquele penhasco era suicídio!
- Bem, então espera, que
agora eu 'tou ocupado – disse Ethan, olhando para o monstro, que
parecia não ter mudado a sua ocupação desde que
tinha começado a falar com Karen. Se calhar nem dera pelas
suas presenças.
- Com o quê?!
- Com o que está à
minha frente.
- Mas não tem nada à
tua frente!
“Espera,
um Mizupood só
pode ser visto por fadas. Isso significa que...talvez ela não
seja uma e é só uma humana! Será que me
enganei?” - pensou Ethan - “Como é possível, com
toda esta energia à sua volta?”
- Olha, enquanto ficas ai
especado a olhar p'ró dia de ontem, eu vou ver se há
forma de subir isto! - gritou Karen, em pé no cimo da rocha
onde já estivera sentada, à procura de uma saliência
para colocar as mãos e outra para colocar os pés.
Quando encontrou-as, tentou subir pelo precipício acima.
- Hã? O que foi que ela
disse? De certeza que não é coisa bo... - virou-se para
o lugar para onde supostamente Karen devia estar sentada,mas em vez
disso estava a subir o precipício- AAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!!!!!
O QUE 'TÁS A FAZER?! - berrou, enquanto coria.
- Ei, não precisas de
gritar, não sou surda!
- Pois, mas parece que és
cega! Reparas-te no que estás a fazer?
- Sim, 'tou a subir isto...para
que...eu saia daqui e depois...arf...eu chamo alguém...e
tiro-te daqui! Percebes-te?
- Sim, percebi que o que 'tás
a fazer é um pleno suicídio. Desce já daí!
- Não posso...'tou quase
lá...quase...só mais uma vez e 'tou lá...em
CI...MAAAAAA – infelizmente, Karen escorregou na última.
Sentiu cair de costas. Viu o céu andar para trás. Não
teve tempo para pensar, muito menos para gritar socorro. Apenas
fechou os olhos e esperou o pior.
- KAREN! - gritou Ethan,
enquanto estendia os braços para ampará-la, numa queda
sem fim. Cerrou as pálpebras para não ver o pior
acontecer. Sentir quase todo o seu corpo puxá-lo para baixo.
Mas tal não aconteceu.
Nenhum peso lhe caiu em cima, nem ouviu algum estrondo. Nada.
Lentamente, foi abrindo os olhos. Olhou para cima, mas não via
ninguém. E não havia nenhum corpo estendido na areia.
Nada. A única coisa que se viu mover foi um monstro, fazendo
um enorme buraco na areia.
“Karen...O
que aconteceu?!”
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“Ela
chegou. A minha princezinha chegou.”
Uma luz começou a ganhar
a forma de um corpo.
“Chegou
a hora!”
Uma figura tranparente começou
a ganhar cores vivas. Um pouco de azul-escuro nas calças,
amarelo na T'shirt. O cabelo, outrora castanho-escuro, estava entre o
amarelo escuro e o castanho-claro.
Karen.
Nao sentira nada desde a queda,
nem esperava sentir. O vento já não lhe batia na cara.
Sinceramente, já nem sabia se estava a respirar. Sabia que
estava acordada, ou pelo menos achava estar. Os seus pés...não
sentia os seus pés a tocarem a areia da praia. Era como se
continuasse a cair de algo sem fim.
Estaria viva?
Ganhou coragem e, lentamente,
foi levantando as pálpebras.
Luz.
Havia demasiada luz.
Ou seria só um quarto
branco?
Só sabia que já
não estava na praia.
Mal tinha tempo para pensar,
muito menos de falar. Mas havia uma pergunta escrita na sua cara
estupefacta:”Onde estou?”
Voltou a si. A mesma pergunta
veio ao seu pensamento.
- Se estás a perguntar
que lugar é este, é a tua mente. - interrompeu uma voz
feminina, vinda do nada.
- Quem está aí? -
perguntou Karen, já assustada.Mostrava medo na voz, e as
pernas tremiam como varas verdes. Tentou virar-se para descobrir quem
tinha falado, mas não conseguiu mexer os pés. Foi
quando reparou que não tocava no chão. Era como se
estivesse a flutuar.
- Não vale a pena, aqui
não podes andar. Isto é só vazio. O vazio da tua
mente – disse a voz.
- Não respondeu à
minha pergunta...
- Ah, que insolência a
minha! Sou a tua alma...E trata-me por tu.
- Claro, e eu sou um
pinguim.Vamos tratar de coisas sérias. Quem és tu e
onde estou eu?
- Eu já te disse isso.
Sou a tua alma e este lugar é a tua mente.
- Eu acreditaria se me dissessem
que estou morta e este lugar fosse o Céu. E agora estaria a
falar com S. Pedro. Também, comparado com a queda que dei...
- Acredita no que quiseres...
-
Okay, estou aqui
porque...?
- Há muito tempo que
estou à espera que a tua mente absorve o teu corpo. E hoje foi
o dia. Tenho que falar contigo sobre a tua existência.
- Hã? Podes fazer o favor
de falar português?
- Porquê? Não me
estás a perceber.
- É que estás só
a dizer barbaridades inúteis. Só idiotas falariam
coisas tão...idiotas como essas.
- Se me chamares de idiota
também estás a declarar-te de idiota.
- Boa! Uma alma com vontade
própria! Olha, não podes simplesmente levar-me para
casa? É que já estou a ficar com náuseas do dia
de hoje...
- Tenho algo para te dar. Olha
para o teu pescoço.
Karen olhou. E surpreendeu-se.
Sem que ela de-se conta, um fio havia aparecido no seu pescoço.
Era um finíssimo fio de prata, e no fim havia um lindo
medalhao com a forma de um coração, também de
prata, adornado com pequenos brilhantes.
Completamente boquiaberta com a
forma como aquilo tinha aparecido em si, não conseguia
articular palavra.
- O que...O que é isto? -
gaguejou.
Um medalhao que libertará
o teu poder. Karen, tu já não és quem tu pensas
que és. És... um ser maravilhoso.
- Hã? Tu estás a
querer dizer...que não sou uma pessoa como as outras?
- Estou.
- Mas isso é um completo
absurdo.
- Não é. O colar
que te dei é a prova disso. É a única coisa que
te fará despertar. Apenas tens de acreditar em ti mesma. Pois
tu és a Vida. Pois tu és uma fada...
**************
- ...ei Karen, acorda! 'Tás a preocupar-me! Ei! -
berrou Ethan, apavorado, tentando acordar Karen que parecia não
querer acordar – Xi, boa, ou ela está a fingir ou foi mesmo
desta para melhor. Acorda que não tenho a noite toda! Wei!
“Cheguei?”
- Céus, a míúda realmente foi-se.
“Parece que sim.”
- O que faço com ela?
“Que faço
agora? Prego-lhe um cagaço ou faço-me de santinha?”
- Talvez a atire para o mar. Vai fazer companhia aos
peixinhos.
“Se ele queria
suicidar-se da última vez, agora é a altura ideal para
ele ir ter com os seus antepassados.”
- Talvez algo demoníaco. Cremá-la!
“Porque
está ele a fazer a minha sentença de morte? E porque
estou eu a fingir de morta. Isto é estúpido, mesmo
muito estúpido.”
- Porque estou eu a dizer isto? Ela está viva,
vê-se logo!
“Alguém
tem uma faca?”
- Ela deve estar a fingir que está inconsciente.
“
Bingo!”
- Oh pá, tenho o idiota de um monstro para dar
cabo e esta não se levanta!
“O
quê? O quê?”
- O quê?
Finalmente! Aonde é que andas-te este tempo todo?
- Ethan estava de mão estendida. Mas Karen recusou a proposta
e levantou-se pelos seus próprios meios.
- Porque queres saber? - ripostou ela.
- Olha, estavas a cair de um precipício e
desapareceste a meio da queda. Depois, fico um bocado plantado a
tentar saber o que se tinha passado. Quando dou por mim, estás
tu aqui deitada, como morta. Não chega?
- Oh, que fofo, estavas preocupado comigo!
- Hum, não! Agora, onde estavas?
- Não digo – e virou-lhe as costas.
Ela não sabia se devia contar-lhe o que se
passara na sua “mente”, no encontro com a sua “alma”. Será
que fazia sentido? Fadas? Se nunca acreditara nelas, porque haveria
de ser agora?
- E o medalhao? Era mesmo verdade que aquilo faria ela
despertar o seu poder? E será que deveria contar ao Rui o que
se tinha passado?
“Ele
não acreditaria. Pensaria que sou maluca e que preciso de
tratamento urgente.”
Certificou-se que o colar ainda estava consigo. Como
antes, preso ao seu pescoço. Porquê é que um
coração de prata teria tanto poder?
O vento enregelou-lhe os ossos. Karen desejou que
tivesse um casaco.
- Ui que frio! - murmurou – o problema é só
ter esta T'shirt no corpo.
- Toma – Ethan estendeu-lhe uma camisola – Estás
a tremer de frio.
- Mas...
- Não te preocupes, tenho outra vestida.
Ela aceitou a oferta. Ao vestir a camisola, reparou que
esta servia-lhe perfeitamente. Ficou estupefacta.
- O que foi? Não te serve?
- Não, cabe-me perfeitamente.
- Óptimo. Agora vou tirar-te daqui.
- A sério? E como vais fazer isso?
- Huh, bem...tenho os meus truques...
- Vou ter de subir a rocha novamente?
- Claro que não! Se não foi da outra vez
que esticaste o pernil, podia ser agora.
- Então? Qual é a tua ideia?
- Podes manter segre...- antes de conseguir terminar a
frase, uma enorme corrente de água pôs-se no seu
caminhou e atirou Ethan para o outro lado da praia.
- RUI! - Karen correu até ele, agora um corpo
muito molhado, estendido na areia – Rui! Está bem?
- Estou fino – levantou-se, repondendo com a maior
naturalidade – É só uma molha.
- Só uma molha?! Tu estás todo encharcado!
O que foi aquilo?
- Aquilo o quê?
- Aquela corrente de água.
- Então, era uma corrente de água.
- Engraçadinho. E quem fez isso?
-
Um certo “bicho” que se esqueceu de fechar a torneira. Olha, eu
tenho “assuntos” para resolver. Fica e não saias daqui,
okay? É o
melhor para garantir a tua sobrevivência. - e saiu dali, com a
água a escorrer por tudo quanto era o seu corpo.
- Espera!
- Não te aproximes! É demasiado perigoso!
- Eu..Eu tenho algo que preciso de te contar...
- O quê?
- Eu...Eu não sou...
Tarde demais.
O monstro tinha-se aproximado
tanto dos dois sem que ninguém desse conta, que agarrou Ethan
pela cintura e o levantou no ar. Foi aí que Karen passou a
conseguir vê-lo...E assustou-se.
Aquela “coisa” era
terrivelmente enorme. A cara má do polvo – ou da medusa,
quem sabe – fazia alguém ir ao Inferno e voltar.
Ethan já se encontrava em
plena agonia. Já não tinha só um tentáculo
a agarrar-lhe a cintura; tinha muito mais que isso, prendendo todo o
seu corpo. Pela primeira vez na vida, sentia-se como um limão
a ser espremido. Era horrível!
Mas Karen não fazia coisa
alguma. Nem conseguia, com o choque. Nunca vira alguém ser
torturado daquela maneira. Nem um monstro tão horrendo como
aquele. Não lhe vinha nada à mente, apenas assistia
aquele terrível espectáculo.
- Karen...sai da...daqui,...é
m-muito perigoso – gaguejou Ethan, tentando falar no meio de toda
aquela confusão – Esconde-te...
Apesar do aviso, Karen não
reagiu. Sentia-se perdida naquela terrível visão. Seria
isso uma consequência de ser uma fada? Pensando bem, talvez
tivesse sido aquela a coisa que a tinha agarrado e quase morto.
-
Vais deixá-lo morrer?
Aquela voz...Karen já
tinha ouvido aquela voz...
-
Não te lembras de mim? Conhecemo-nos há menos
de meia-hora.
“Hã?”
-
Vê-se que não. Sou a tua alma, corpo!
- Hã?!- gritou
histericamente Karen.
-
Não precisas de gritar, pá! Podes
simplesmente pensar que eu ouço-te na perfeição.
“ Desculpa?
Mas co-como é que tu estás a falar comigo?”
- Ei, ouve, quando eu falo,
ninguém ouve a não ser tu, okay?
“Hum,
não! Este não é o momento oportuno.”
- Sim, estou a ver. O que vais
fazer? O corpo é que manda.
“Ele
disse para fugir, mas não o quero fazer. Não sei qual a
melhor opção...”
- Queres deixá-lo morrer?
“Não!”
- Óptimo, porque ele
salvou-te uma vez. Tu atiraste-te lá de cima para retribuir,
não foi?
“Sim.
Mas não sei o que fazer agora...”
- Fácil. Usas a tua
magia.
Magia. Mas que magia. Não
existia magia, nem nunca existiu. Estaria a enloquecer só por
estar a ouvir a sua alma?
- Ei, ouve lá, estás
a chamar-me de louca?
“É
possível. E como queres que eu uso a magia?”
- Sei lá. Nunca usei
magia antes. Acho que é só levantares a mão,
gritares qualquer coisa e a cena desenrola-se.
“Deus,
estou lixada...”
- Apre, depressa, vais deixar o
pequeno morrer!
E era verdade. Ele esperniava
menos e era visível estar a sofucar.
- Faz qualquer coisa!
“Disseste
que era só gritar, não é?”
- Acho que sim.
“Então,
estás de apoio comigo sobre o que estou a pensar?”
- Sim.
“Entendo.
Se assim é...”
Life Destruction
Luz.