[completa] Light Inside the Darkness

A noite estava escura e nenhuma luz entrava pela janela do dormitório. Cedric levantou-se e foi até à ala comum dos Hufflepuff.
Quando entrou, viu que não estava sozinho… Havia alguém que também não conseguia dormir.
- Boa noite. – disse ele, para a pessoa que estava de costas. Ele não
fazia a mínima ideia de quem era essa pessoa, mas queria falar com alguém.
- Boa noite – cumprimentou-o, sem se voltar.
Cedric tentou de novo. – A noite está fria não é?
- É normal, estamos no Inverno! – disse o estranho.
“Sem sucesso”, pensou Cedric. “É melhor ir andando”.
Dito isto, quis voltar para o dormitório mas, com a pressa, acabou por tropeçar num sofá.
- Petrificus Totalus! – disse o estranho, agitando-lhe a varinha. Cedric
não chegou a cair para cima das estantes, ficou paralisado centímetros
antes da colisão. Não se conseguia mexer, era como se estivesse congelado… A única coisa que lhe permitia observar o que se passava em
redor eram os seus olhos. Para ele, era muito estranho não pestanejar
sem ficar com os olhos lacrimejantes, mas foi mesmo isso que aconteceu,
nem as pestanas se podiam mexer.
A rapariga, sim, porque o estranho era na verdade uma rapariga, mexeu-se até ele, tacteando tudo por onde passava e, com uma força sobrenatural, moveu-o para o lado contrário ao das estantes.
Quando se voltou a poder mexer, ela já tinha desaparecido. Ele nunca a tinha visto por lá, e nem sequer sabia o seu nome, mas ficou completamente “caído” por aquela estranha aluna loira e de olhos azuis.

Mais tarde....
- Ei, Cedric! – gritou Lavander, uma das suas colegas. – Queres ir jogar Quidditch depois das aulas?
- Não posso… Olha, Lav, há alguma aluna nova em Hogwarts?
- Foram todos apresentados no primeiro dia e seleccionados pelo Chapéu Seleccionador.
Cedric suspirou. – Pois, mas eu ainda não tinha chegado, só cheguei no dia a seguir.
Lavander disse não se lembrar se alguma dessas alunas novas de quem ele tanto falava era loira e despediu-se, com o pretexto de ir convidar outra
pessoa para jogar com ela.
Cedric estava a ficar desesperado, já tinha perguntado a tanta gente! Mas quando, ao ir para a sua aula de Poções com os Ravenclaw, avistou uma rapariga loira a andar pelos corredores, Cedric largou os livros e correu atrás dela.
- Aquele Cedric deixa tudo espalhado! – disse Cho, para a amiga.
- Mas tu gostas dele na mesma, não é? – retorquiu esta. Cho Chang sorriu.
Enquanto
isso, Cedric tentava arranjar uma forma de ser mais rápido, mas não se lembrava de mais nada a não ser pegar na vassoura, mas era proibido vassouras dentro do recinto da escola. Não que nunca tivesse sido feito… No ano anterior, uns alunos dos Gryffindor salvaram a escola e levaram vassouras com eles, ou algo do género, Cedric não sabia pormenores. A única coisa que sabia era que tinha sido tudo por causa de um objecto qualquer, para que esse objecto não caísse nas mãos erradas…
Quando finalmente avisou a rapariga ao fundo do corredor, correu, correu e correu até que acabou por lhe pegar com demasiada força no braço.
- Au! – gritou ela, ainda de costas.
- És tu? És tu? Porque fugiste? Obri…
- Cedric?! – exclamou a rapariga, ao virar-se. Cedric não quis acreditar
que quem estava à sua frente era na verdade Luna Lovegood.
- Luna?! Desculpa, pensava que eras outra pessoa. Que andas a fazer? Não estás em aulas?
- Era alguma namorada?
- Não, que ideia. Eu só precisava de encontrar uma pessoa para lhe poder agradecer.
- Hum… A propósito, viste alguma pelácia por aqui?
- Hã?
- Pelácias, viste algumas? Segundo o Malfoy, são duendes fêmeas que
gostam muito de se armar em cupidos e lançam poções de amor. Será que
também te atingiram?
- É pouco provável. O Malfoy só estava a gozar contigo, volta para a aula!
- Aaah, está bem! Eu vou dizer-lhe que encontrei um…
- Sim, e diz que esse duende fez com que a professora Mcgonagall se apaixonasse por ele.
- Está bem, vou fazer isso!
O dia foi passando até que a noite chegou. Cedric voltou para a sala de
convívio e sentou-se lá, à espera que ela aparecesse. Mas não esperou
muito já que, mal se deitou no sofá, adormeceu.
Enquanto isso, Sara estava à porta da sala a tentar ver se estava tudo em ordem, o que era uma grande ironia, já que ela não conseguia ver. Era por isso que não ia a aulas normais e tinha um quarto só para ela.. O que, por sua vez, era bastante solitário.
Sara tacteou a sala até chegar ao sofá mas assustou-se ao ouvir o som quase imperceptível de uma respiração.
- Quem está aí? – perguntou ela. Ninguém respondeu. “Bem, é óbvio que que não me vai ouvir, vou-me embora.”
Como se estivesse acordado e soubesse ler pensamentos, Cedric agarrou-lhe a mão e puxou-a para si mesmo a tempo de ela se virar, o que fez com que Sara caísse e ficasse presa nos braços de Cedric, com este a dormir. Cansada como estava, também ela acabou por adormecer.
Quando Cedric acordou, sentiu-se pesado.
“Será que comi demais ao jantar?”, pensou, antes de abrir os olhos. Quando os abriu, viu a rapariga da noite anterior a dormir abraçada a ele. Não
pôde evitar corar e afagar-lhe os cabelos loiros e tão macios!
Sara acordou a pensar na mãe. Só a mãe lhe fazia esses carinhos, só a mãe a fazia sentir-se desejada, apesar de ser cega de nascença, mas também
fora só a mãe a pessoa a ficar mais contra a sua decisão de ir para
Hogwarts, a escola de Feiticeiros.
Sem se aperceber, aconchegou-se mais ao peito de Cedric, abraçando-o com mais força. Ela só queria abraçá-lo assim, tão fortemente… Pena que fosse apenas um sonho e que nunca chegasse a encontrar alguém que gostasse de si tal como era, mas assim era a vida real.
- Olá! Olá! – chamou-a uma voz masculina, ao mesmo tempo doce e sensual. – Acorda… É tempo de aulas!
- Huuum? – resmungou ela. – Eu só tenho aulas às dez!
- Pois, mas eu não. E assim serei castigado!
- Séeerio? O que é um castigo?
- Hã? Estás a ser sarcástica?
- Não. Ah, e estou aqui porque me puxaste e porque depois não me consegui levantar! Não fiques com ideias!
- Oh, que pena! Mas... Não sabes mesmo o que é, nunca foste castigada?!
- Não.
- Por amor de Deus, só quem tem algum problema, alguma deficiência, é que
não é castigado. Até a Hermione, a esperta dos Gryffindor, já foi!
- Acertaste na moche. Eu tenho uma “deficiência”, tal como tu disseste. –
retorquiu Sara, levantando-se com cuidado mas acabando por tropeçar na
mesa que surgira inesperadamente atrás de si quando ela tentara recuar.
Contudo, acabou por ficar tudo bem já que no último momento Cedric
conseguiu puxá-la para a frente.
- Então, estamos quites? Tens de ter cuidado por onde andas e olhar antes de chocares com alguma coisa.
Sara suspirou. – Ainda não percebeste? Eu sou cega, sou cega praticamente desde que nasci!
O choque pairou no ar e Cedric estava demasiado aturdido para falar.
- Pronto, agora já viste um espectáculo interessante e podes ir embora, não me importo se não voltares.
- Porque me haveria de ir embora? Eu percorri a escola toda à tua procura
e não quero perder-te. – disse Cedric, agarrando-lhe na mão. – Quero
ficar aqui contigo!
Sara estava feliz e praticamente à beira das lágrimas. Era a primeira pessoa a dizer-lhe isso, mas… E se fosse uma partida?
- Não é nenhuma brincadeira. – garantiu ele, como se lhe tivesse lido os
pensamentos. – Estou a falar a sério. Apaixonei-me por ti e não consigo
deixar de pensar em ti, já nem nas aulas me concentro. Sei que foi tudo
muito rápido, mas… Posso ficar contigo?
- Não.
- Como não? Não gostas de mim? Eu sei que fui estúpido e preconceituoso, mas gosto de ti, quer sejas tu cega, surda ou muda… Isso não é o mais importante!
- Obrigada.
- Então, posso…?
- Não! Já te esqueceste que tens de ir para as aulas? – ela sorriu. – Não
te esqueças que podes vir a ser castigado e isso parece ser terrível.
- Terrível és tu, nem me apercebi que estavas a gozar comigo. – riu-se
ele. – Tudo bem, vou mas volto aqui às dez para te fazer chegar
atrasada.
- Não sei como…
Ao ser provocado, Cedric respondeu-lhe com um beijo. Foi um beijo doce e selvagem, como se se estivessem a despedir, e Sara não o afastou, decidida a apreciar o momento, aquele que ela tanto esperara. Era esse o beijo que ela tanto quisera como primeiro beijo, apesar de isso não ser possível, já que outro colega de escola já a tinha beijado antes, mesmo sabendo que ela não estava interessada nele.
Quando acabaram de se beijar, ou melhor, depois do quinto ou sexto beijo, Cedric saiu a correr e Sara deitou-se no sofá, feliz.
Tinha pena por ainda não lhe ter tocado na cara, de modo a tentar
conhecer-lhe as feições, mas ele devia ser tão feio quanto o anterior
rapaz que a tinha beijado, para se ter interessado por ela.

E os dias foram passando, com eles mais felizes do que nunca.
- Sah, e se formos lá para baixo ver a neve? É Inverno!
- Estás a ser irónico? Não gostei disso! – exclamou Sara, rindo-se. – Sabes bem que não posso ver nada, quanto mais a neve…!
- Podes sim e sabes porquê? Porque trago aqui estes óculos mágicos que
fazem com que fiques curada para todo o sempre! Usa-los durante um dia
e quanto os tirares já não vais precisar de te esconderes.
- Ah pois, não gostas de mim assim, não é? Preferes alguém que possas
mostrar aos teus amigos sem eles gozarem? Ou és apenas um anti-social?
- Pões os óculos e vê se me pareço com um anti-social. Eu só tos dei
porque pensei que era isso que querias, pensei que sofrias com isso!
- Hum, tá bem, querido, desculpa. – pediu ela, e estendeu a mão para
agarrar nos óculos rectangulares. Quando os colocou, o seu olhar começou a ficar mais nítido e percorreu com ele todas as divisões à procura de Cedric.
- Até dava jeito que aparecesses, assim não vejo nada! – pediu ela, e encaminhou-se para a porta principal daquela ala, ao ver um rapaz lá parado. Abriu a porta e deu de caras com ele.
- És tu? Bem, tens razão, não tens lá muito de anti-social, bem... – Sara
não queria revelar que, afinal de contas, tinha razão quanto ao facto
de Cedric ser feio. Mas isso não importava, já que estava perdidamente
apaixonada por ele.
Sem aviso prévio, atirou-se para os braços dele, abraçando-o. Quando chegou à parte do beijo, uma mão forte puxou-a para trás e disse, com a voz sedutora que ela tão bem conhecia.
- Ron Weasley? O que estás a fazer aqui, na nossa área?
- Nada, estava só de passagem! – respondeu este. – Estão bem divertidos, será que posso ficar para a festa?
- Não. Vá, adeus!
- Xau!
Sara estava muito mais aliviada por não ser ele, mas quem seria? Afinal de
contas, pusera-se à sua frente e não a deixara vê-lo, a única coisa que
ela via dele eram as costas.
- Hum… És tu o Cedric? Cedric Diggory?
- Sou, sim. – e aí, Cedric virou-se. – E então, sou ou não parecido com um anti-social?
Sara ficou fascinada: a seu lado, estava um rapaz lindíssimo, alto, moreno…
Ela nunca almejara encontrar alguém assim e ali estava ele, a sorrir apaixonadamente para ela.
- E então, agora...
- Agora beijas-me! – disse Sara, pegando-lhe no rosto e beijando-o. Era mesmo o dia mais feliz da sua vida!
- És atrevida, já vi que sim…. Mas agora vens comigo! – disse Cedric, arrastando-a até ao espelho e obrigando-a a mirar-se.
- Quem é aquela bonita rapariga atrás deste objecto? Olá? Olá?
Cedric não pôde evitar rir-se. – Não sabes o que é um espelho?
- Sei, mas só na teoria…
- Essa bonita rapariga do espelho és tu. – Sara ficou maravilhada, finalmente podia ver aquilo que toda a gente podia ver antes. Viu os seus cabelos loiros até à altura dos ombros, os seus olhos azuis escuros com pestanas compridas, as suas sobrancelhas bem feitinhas, os seus lábios, vermelhos e sensuais, e um corpo elegante mas que, segundo a sua opinião, precisava de perder uns quilinhos, e uma pele muito branca.
- E então, o que vês?
- Um fantasma meio gordo!
- Parva, sabes o que eu vejo? Uma miúda linda por dentro e por fora. – disse-lhe, abraçando-a pela cintura.
- E eu vejo um miúdo lindo, cavalheiro, elegante mas super teimoso.
- Ena, como é que me descobriste tão depressa?
- És fácil de ler!
Ambos se riram e combinaram ir passear à tarde, ir ver a neve que Sara nunca tinha podido presenciar.
Umas horas depois, a seguir à sua aula privada de Herbologia, Sara decidiu sair da ala dos Hufflepuff e ir ter com Cedric.
Sentia-se meio perdida, andando por aqueles corredores como se fosse a primeira vez.
- Des… Desculpem, - perguntou, a um grupo de alunas que estavam paradas a conversar. – Onde é a sala de Herbologia?
- Anda dois corredores e depois vira à esquerda.
- É a sala um. – acrescentou outra aluna.
Sara afastou-se, agradecida. Por ser filha de muggles, ainda achava os
feiticeiros muito estranhos, aparte ela e o Cedric, claro.
Sara começou a andar mais depressa, até que a sua visão ficou desfocada.
- Hã? Isso não pode estar a acontecer! – exclamou Sara. – Os óculos… Eles
estão a ficar desfocados! Eu não estou mesmo destinada a ver….
Mesmo assim, Sara deixou os óculos ficar, já que mesmo a claridade era melhor que a escuridão total. Os óculos só foram tirados quando alguém chocou contra ela e fez os óculos caírem.
- Cuidado aí, muggle! – gritou-lhe um rapaz loiro, com olhar de desprezo. Sara não gostou dele.
Curvou-se para apanhar os óculos e aí reparou que sabia exactamente onde estavam caídos.
- Oh meu Deus! Oh meu Deus! Eu consigo ver! Eu consigo ver!
Sara deixou os óculos onde estavam caídos e correu até à sala de Cedric. Ele estava a falar com outra colega e ela não os quis interromper, por
isso, puxou da varinha e transformou uma pena numa almofada, à espera
que a conversa acabasse.
- Cedric, eu gosto mesmo de ti! – exclamou Cho, tocando-lhe no braço. – Não me desprezes assim!
- Desculpa, mas não posso fazer isso, eu já gosto de outra pessoa. – Sara
ouviu-o dizer e ficou enternecida. Como é que alguém, no seu perfeito
juízo, rejeitava aquela chinesa linda, só para ficar com ela?
Assim que Cho se foi embora, Sara usou um feitiço de camuflagem e, sem Cedric se aperceber, escondeu-se atrás dele e, quando ele se virou, agarrou-o e beijou-o apaixonadamente.
- Sara, como chegaste aqui? E o que fazes sem os óculos, sabes que é perigoso!
- Hum, bem…. Que bonitos cadernos azuis e brancos que tens debaixo do braço.
- Ah, isso… É bastante normal, por acaso gosto de cadernos lisos.
- Hum e que rica mochila castanha e verde que tens!
- Não é nada de especial, porque dize… - ele não completou a frase. – Se… Será que tu.. que tu…?
- SIM! Eu já consigo ver!
Cedric exultou com a notícia e, sem pensar duas vezes, puxou-a para si, deu duas voltas com ela ao colo e depois beijou-a em frente de todos.
A seguir foram a correr vestir um casaco e um gorro e saíram para uma aventura na neve. Seria o melhor Inverno de todos!
Juntos criaram um boneco de neve à moda dos muggles.
- Tens de colocar o nariz mais para o lado! – disse Sara, rindo-se.
- Se a menino chico-esperta sabe tanto disso, porque é que não é ela a colocar?
- Não sei, será porque tenho numa mão uma vassoura… e noutra uma bola de neve pronta a ser lançada?
- O q… - puff! Cedric descuidou-se e levou com duas bolas de neve em
cheio na cara, antes de conseguir baixar-se para contra-atacar.
- Ahahahah! – riu-se Sara, tentando escapar. Correu tanto que, quando parou de correr, ficou com tonturas e caiu de joelhos.
- Sara, estás bem?
- Hum… Acho que foi só uma tontura… Ai… Cedric! – Sara agarrou-lhe a mão e voltou a estar na escuridão. Em pânico, apertou-a ainda mais.
- Calma, amor, olha que me dás cabo dos ossos.
- Cedric, eu já não consigo ver! Voltei ao mesmo! Cedric! – disse Sara,
chorando, em pânico. - E não me consigo mexer, dói-me tudo!
- Calma! – disse Cedric, mas estava tão assustado quanto ela. Pegou-lhe colo e levou-a até à enfermaria de Hogwarts.
Passaram-se meses sem esperanças de melhoras. Os melhores curandeiros mágicos apareceram em Hogwarts, já que o pai de Cedric exercia um cargo muito importante no ministério da magia, mas Sara padecia de uma doença
terrível que lhe começara por atacar os olhos e agora atacara-lhe o corpo todo.
Cedric nunca saía do seu lado e tentava ser forte, por todos. Os pais dela também lá estavam, mas o professor Dumbledore tentava mantê-los ocupados.
Cedric desejou ardemente as melhores do seu grande amor, e parecia que as estrelas lhe tinham concretizado o desejo já que depois de tantos meses sem sequer poder mexer o corpo, ela finalmente conseguira levantar-se da cama, embora o médico dissesse que seria por pouco tempo até haver outra recaída e essa ser fatal para ela.

Sara já andava pelos corredores, embora bem devagarinho e sempre agarrada a Cedric.
- Cedric, o que vais fazer quando eu morrer? Tu sabes que não me resta muito tempo, não sabes?
- Não digas isso, não te vai acontecer nada!
- Olá meu amor, eu sei, eu pressinto-o! É bem verdade quando dizem que
uma pessoa pressente quando está quase a morrer. Eu só vou ficar alguns
dias.
Mas Sara aguentou-se durante quase um mês e Cedric já recomeçara a acreditar nas suas melhoras. Até que Sara o chamou ao seu quarto.
- Cedric – chamou-o. – Preciso de falar contigo. Não me respondeste, o que vais fazer depois de eu morrer?
- Mas…
- Não digas nada, então. Ouve-me bem, Cedric. Quero que sejas uma pessoa forte a partir do dia em que não estarei cá. Quero que não te deixes
abater com tudo isto, sê forte…
- Não! Como queres que consiga? – disse Cedric a chorar. – Sara, eu amo-te, nunca amei ninguém assim e dizes para não me deixar abater como se isso fosse fácil!
Sara pestanejou com força – Não me faças isso, isto já é difícil para mim.
Quero que saibas que foste a pessoa mais importante em toda a minha vida, e que te amo com todo o coração! E quero pedir-te duas coisas…
- Podes claro!
- A primeira… bem… - ela hesitou. – Faz amor comigo!
- O quê?! – Cedric ficou corado com o seu pedido.
- Por favor, não quero morrer sem te sentir dentro de mim.
Sara como que para aliciá-lo puxou-o para a cama onde estava deitada e
beijou-o com muita intensidade, até que ele acabou por ceder e fizeram
amor até ficarem cansados. Sara adormeceu com Cedric abraçado a si, com
uma das mãos em cima do seu peito.
A meio da noite, Sara começou a sentir dores e acordou-o.
- Sim? Estás bem? O que foi? – disse ele vendo-a pálida. A luz do candeeiro iluminava as feições dela, feições pálidas que já nada poderia mudá-las.
- Cedric, quando te sentires preparado, vai à minha gaveta, aquela mesmo à tua frente, e tira de lá a caixa rosa. É tudo para ti. Quero que saibas que não me arrependerei de te ter conhecido e queria fazer-te o meu segundo pedido.
- Sim, meu amor… Tudo – chorava Cedric, incontrolavelmente.
- Dá uma oportunidade à Cho Chang! Ela far-te-á te feliz!
- Mas, Sara…
- Amo-te… Amo-te…
E foi nesta triste madrugada que Sara deu o seu último suspiro.
Já se passara quase um ano e ninguém sentia a sua falta, a não ser Cedric,
que nunca voltara a ser o mesmo depois disso. Tinha-se transformado num
rapaz frio e reservado e ninguém o conseguia animar.
Um dia, decidiu ser forte e ir visitar o quarto de Sara. Estava tudo praticamente na mesma. Cedric lembrou-se então de ir ver a caixa que ela lhe falara e viu lá um diário, imensas fotos deles, peluches falantes que ele lhe oferecera e outras recordações. Ele abriu o diário, mas só tinha pequenas anotações que ela escrevera muito antes de o conhecer. Mas o
que mais o chamou a atenção foi a carta que estava ao cimo de tudo, dirigida a ele.

Querido Cedric:
Sei muito bem que quando leres esta carta, já não estarei aqui. Os Deuses são caprichosos, mas já me dou por satisfeita por eles me terem dado a oportunidade de te ter conhecido e amado como ninguém, e por esse sentimento ser recíproco.
Meu querido, não te deixes abater! Sei que é difícil, e que se estivesse no
teu lugar também não me iria conseguir aguentar melhor, mas pensa como eu.... Qualquer dia, e espero que seja bem mais tarde, voltaremos a
encontrar-nos.
Não desperdices a tua vida por causa disso, sai, arranja uma namorada, sê feliz! Realiza os teus sonhos e sê forte e corajoso!
Tu sempre me fizeste feliz, quero que saibas que nunca me arrependi de
estar ao teu lado. Foi o melhor ano da minha vida, acredita.
Foste a melhor parte de mim e fizeste-me sentir realmente desejada. Já não tenho nada a almejar, morro feliz!
Quero que saibas que foste o melhor que me aconteceu e que mil palavras não chegariam para explicar o que sinto por ti.
Amo-te do fundo do meu coração,
Sara.

Cedric caiu ao chão a soluçar. Ficou assim durante horas até que decidiu fazer o que Sara disse: convidou Cho para ir dar uma volta com ele e inscreveu-se num Torneio de Feiticeiros que juntava as quatro escolas
de magia numa só, em Hogwarts.
Ele e Cho estavam a tornar-se bons amigos e embora soubesse que nunca conseguiria arranjar alguém como Sara, achava que valia a pena tentar.
Até que algo aconteceu. Na última etapa do torneio de magia, Cedric e Harry, um colega dos Gryffindor, teletransportaram-se através de uma taça que era na realidade um botão de transporte para um cemitério onde estava
Voldemort, o tão chamado Senhor das Trevas.
Cedric não pôde fazer nada, mal chegou, Wormtail, seguidor de Voldemort, lançou-lhe uma maldição mortal:
Avada Kedrava!
E foi assim que Cedric morreu, deixando a escola de Hogwarts de luto.
Todos ficaram destroçados, especialmente Cho e Harry, que acabara por
regressar são e salvo.

Puum. Cedric acabara de cair em cima de algo mole. Viu que se tratava de uma espécie de nuvem e começou a andar.
Que sítio era aquele? Como tinha vindo cá parar? Quando poderia regressar?
Ele não se lembrava do que tinha acontecido, mas aquele sítio era de
loucos.
De repente, uma luz brilhante pareceu no céu, com a forma de uma rapariga.
Sara? Sara!?!?
- Chegaste. – disse a pessoa iluminava. – Finalmente chegaste, esperei tanto por ti, meu amor.
- E eu por ti. – disse Cedric, ainda sem acreditar, mas emocionado.
- Toma! – Sara estendeu-lhe a mão. – Agarra a minha mão e ficaremos juntos para sempre.
E Cedric agarrou.